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Acredite, a Índia é diferente de tudo o que você já viu ou sentiu. Como jornalista de turismo já fiz viagens para os mais variados destinos, mas, confesso, esse país de contrastes me impressionou. Que outro lugar do mundo o luxo e o caos podem conviver lado a lado em perfeita harmonia?

O trânsito maluco com vacas deitadas no meio das ruas e rodovias chega a ser engraçado. A gastronomia rica em especiarias e extremamente apimentada aguça os sentidos. Por todas as partes o misticismo está presente. A cultura milenar indiana está umbilicalmente ligada às religiões orientais e aos cerca de 330 milhões de deuses e semideuses. Chama a atenção os limites da fé das pessoas nessa incrível nação de 1,2 bilhão de habitantes, dezenas de idiomas e diferentes religiões.

Por todas as partes o cheiro forte de incenso está no ar. Tal como os animais sagrados e as imagens de divindades estranhas para nós ocidentais. Caso dos três deuses principais: Brahma, criador do universo; Vishnu, da preservação dos seres; e Shiva, da destruição e regeneração dos corpos celestes. Mas é a figura do Ganesh – aquele com cabeça de elefante e corpo de menino – que está por toda parte como forma de proteção.

Diferentemente de outros lugares, o trabalho e a riqueza não configuram a posição social das pessoas. O que seria explosivo em outras sociedades é normal por lá. Graças ao sistema de castas que, embora tenha sido abolido oficialmente, continua sendo praticado e passa de pai para filho. Nela, cada integrante só pode se casar com pessoas do seu próprio grupo, o que torna praticamente impossível a mudança do padrão social.

Seriam necessários muitos meses para conhecer as várias regiões do país com suas diferentes culturas. No meu roteiro de apenas 11 dias, priorizei cinco importantes destinos na região norte: Nova Délhi, Udaipur, Jodhpur, Jaipur e Agra.

Logo que desembarquei em Nova Délhi, tive a certeza que aquela definitivamente seria uma viagem transformadora. Impossível não ficar boquiaberto com o trânsito maluco, onde motocicletas em quantidade absurda trafegam por todas os caminhos possíveis e imagináveis. E quase sempre transportando enormes volumes e mais pessoas do que o limite normal de duas. Acredite, vi várias com três, quatro e até famílias inteiras! Além das motos, embaralham-se pelas ruas, bicicletas, riquixás, tuc-tucs, carros, táxis, ônibus e caminhões. Não raro, até grandes grupos de homens transportando nos ombros um cadáver a caminho da cremação contribui para piorar a já caótica circulação urbana. Poluição e uma sinfonia de buzinas completam o cenário.

Me senti em uma montanha-russa quando fiz passeios de tuc-tuc (motos com duas rotas atrás e banco para duas ou mais pessoas) e riquixá (bicicletas adaptadas). Depois que você se acostuma com a emoção tudo fica até divertido. Eles circulam alucinadamente entre os carros e não raro batem e raspam nos veículos parados nos congestionamentos. Ao contrário do que eu imaginava, não vi muitos acidentes.

Ouvi de um guia, em tom de brincadeira claro, que as vacas são sagradas na Índia porque são elas que controlam o trânsito e evitam acidentes. Tem lógica, afinal elas funcionam como redutores de velocidade ao transitarem calmamente e até deitarem no meio das ruas e rodovias.

Essa é a principal cidade e capital política da Índia, onde tem até dentistas atendendo nas calçadas. Sim é isso mesmo! Por lá, luxo e pobreza se misturam. Miseráveis e milionários dividem o mesmo espaço democraticamente. Prédios modernos e shoppings centers estão lado a lado com antigas fortalezas, palácios, templos e bazares medievais. Homens de turbantes e longas barbas e mulheres cobertas dos pés à cabeça pelos coloridos saris convivem com executivos de multinacionais com seus ternos bem cortados e jovens ostentando telefones celulares de última geração.

Os preços baixos praticados nos muitos mercados da cidade certamente farão a alegria dos turistas brasileiros. Há de tudo, de joias a estátuas dos deuses indianos. E a ordem é pechinchar sempre e muito.

Mas o ponto alto da viagem ficou para o final. E para ficar gravado na memória para sempre: o majestoso Taj Mahal. O complexo classificado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco e como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, está na cidade de Agra, a 200 quilômetros de Nova Délhi.

Obra prima da arquitetura mundial, o famoso mausoléu é um dos pontos turísticos mais visitados do planeta. Imponente, foi construído pelo príncipe Shan Jahan para celebrar seu amor por sua esposa predileta, chamada Mumtaz Mahal – a favorita do palácio. Todo feito em mármore branco (translúcido, muda de cor de acordo com a luz exterior) com ornamentos em diferentes tipos de pedras semipreciosas encravadas, levou mais de 22 anos para ficar pronto (1630 a 1652) e mais de 20 mil homens, milhares de mulas e mil elefantes trabalharam na sua construção.

Verdadeira joia arquitetônica, tem quatro faces idênticas e possui um arco central de 33 metros de altura. O monumento, que recebe cerca de 3 milhões de visitantes por ano, está cercado por quatro minaretes de 41 metros cada e ladeado por uma mesquita. O vistoso domo com base cilíndrica de 7 metros suporta a abóbada de 35 metros de altura. O jardim que antecede a entrada simboliza o paraíso e contém flores, fontes e ciprestes – árvores que representam a morte. Vale dizer aos desavisados, que por questões de segurança não é permitida a entrada de mochilas e objetos como pau de selfie, tripé e afins dentro do mausoléu. Bem como não são permitidas fotos.

Quando voltei para o Brasil entendi que quem viaja para a Índia está em busca de algo. Espiritual talvez. Afinal, a terra de Gandhi inspira, instiga e modifica conceitos. Duvido que alguém possa ficar indiferente a essa experiência.

Por Roberto Maia do Travelpedia

 

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