Você sabia que o apresentador Jô Soares morou por anos no icônico Copacabana Palace, no Rio de Janeiro? E que o poeta Mario Quintana viveu no Hotel Majestic, em Porto Alegre, por 12 anos? Então sim, você pode morar em um hotel. E muita gente já fez isso. Talvez a pergunta mais relevante seja: você gostaria?
Eu mesma já considerei essa possibilidade. Ter serviço de quarto e arrumação diários parece um sonho, mas será mesmo prático? Quais são as implicações de morar em um hotel por longo prazo? Neste post, você vai descobrir os prós, contras e o que avaliar antes de transformar um quarto de hotel na sua casa.
Por quanto tempo você pode morar em um hotel?
O tempo que você pode morar em um hotel depende da política do próprio hotel e das regulamentações locais. No Brasil, não há um limite legal máximo para a duração da hospedagem, mas estadias superiores a 90 dias podem ser enquadradas como locação residencial, exigindo um contrato formal. Ou seja, dependendo da duração e da forma como o acordo é feito, a relação pode deixar de ser considerada hospedagem e passar a seguir regras de locação.
Esse estilo de hospedagem prolongada tem atraído perfis variados: nômades digitais, profissionais em viagens corporativas e aposentados que buscam conveniência sem os compromissos de um aluguel tradicional.
Se estiver considerando uma estadia prolongada, é importante verificar as regras do hotel, especialmente sobre tarifas diferenciadas para long stay e serviços inclusos. Também vale confirmar se o local emite nota fiscal de hospedagem e se há necessidade de registro formal de endereço, dependendo da sua finalidade de moradia.
Qual é a diferença entre estadias de curto prazo, prolongadas e de longo prazo?
O tempo que você permanece em um hotel pode afetar desde o preço que você paga até as instalações e comodidades oferecidas no quarto.
Estadias de curto prazo (short stay): geralmente duram de uma noite a alguns dias. Esse é o tipo mais comum de hospedagem, geralmente para pessoas de férias ou em viagens de negócios.
Estadias prolongadas (extended stay): normalmente duram algumas semanas e costumam ser consideradas aquelas acima de 20 dias. Hotéis que atendem esse tipo de estadia geralmente oferecem mais comodidades do que os quartos padrão, como cozinha e acesso à lavanderia. São comuns para pessoas que ficam fora por períodos mais longos de trabalho, estão visitando uma região por mais tempo ou estão se mudando para uma nova área e procurando uma acomodação de longo prazo.
Estadias de longo prazo (long stay): oferecem as mesmas comodidades das estadias prolongadas, mas são voltadas para hóspedes que pretendem ficar ainda mais tempo — acima de 3 meses. No Brasil, esse tipo de hospedagem é mais comum em apart-hotéis ou hotéis residenciais.
É legal morar em um hotel?
Sim, é legal e você pode morar em um hotel, desde que você pague suas contas. Dito isso, há algumas questões que merecem atenção:
Em estadias mais longas, você pode deixar de ser considerado apenas um hóspede e passar a ser visto como inquilino, dependendo da forma como o contrato é estabelecido. Isso pode afetar aspectos como regras de cancelamento ou cobranças adicionais.
No Brasil, a Lei do Inquilinato estabelece que estadias de até 90 dias se enquadram como locação por temporada. A partir desse prazo, passa a ser necessário um contrato de locação, ainda que sem exigência de tempo mínimo de permanência. Esse é um dos fatores que diferenciam o conceito de long stay da locação tradicional, que geralmente prevê contratos com prazo mínimo de 30 meses.
Você estará sujeito às mesmas exigências de uma estadia prolongada em qualquer lugar, como manter a documentação em ordem e seguir as normas da hospedagem.
Além disso, alguns hotéis podem exigir um depósito caução se você for um hóspede de longo prazo — o que é comum em apart-hotéis e residenciais voltados para estadias prolongadas, funcionando de maneira semelhante ao aluguel de imóvel.
Vantagens de morar em um hotel
Existem muitos benefícios em se hospedar em hotéis por longos períodos.
Adeus, faxina: o serviço de limpeza normalmente arruma seu quarto todos os dias ou semanalmente. Se isso for essencial para você, vale confirmar antes com o hotel qual é a política adotada. Em algumas estadias prolongadas, a limpeza pode ser feita com menos frequência ou sob agendamento.
Segurança e praticidade: Perdeu a chave? Sem problema — é só pegar outra na recepção. Como a maioria dos hotéis conta com atendimento 24 horas, sua “casa” estará sempre monitorada.
Comodidades incríveis: hotéis geralmente oferecem o básico, como chaleira elétrica e cafeteira, mas muitos também contam com academias, espaços de coworking, piscinas e até spas.
Restaurantes no local: em estadias longas, seu quarto pode ter uma cozinha compacta. Mas, para variar de vez em quando, é ótimo poder contar com o restaurante do hotel. Principalmente no café da manhã!
Sem contas de serviços básicos: as despesas com gás, água, eletricidade e internet são cobertas pelo hotel, economizando dinheiro e burocracia.
Economia em diárias: um quarto pode sair mais em conta quando a estadia é prolongada, já que muitos hotéis oferecem tarifas mensais reduzidas. Em alguns casos, o valor pode ser comparável ao aluguel mensal de um apartamento mobiliado — com a vantagem dos serviços incluídos.
Liberdade para ir embora: ao contrário de ter um financiamento imobiliário ou um contrato de aluguel de longo prazo, morar em hotel oferece a liberdade de ir embora quando quiser.
Desvantagens de morar em hotel
Morar em hotel não é só serviço de quarto e cama arrumada — se fosse, todo mundo faria isso.
Privacidade não é prioridade: hotéis são lugares movimentados, com pessoas entrando e saindo o tempo todo. Os hóspedes mudam constantemente, o que aumenta a chance de lidar com vizinhos barulhentos ou pouco simpáticos. Minha dica é passar uma ou duas noites no local para ver se o ambiente atende aos seus padrões de conforto antes de fechar algo por mais tempo.
Direitos mais limitados: um quarto de hotel é só isso — não é sua casa. Você não terá direitos como proprietário ou inquilino e poderá ser solicitado a sair com pouco ou sem aviso prévio. Não é possível decorar ou modificar o espaço conforme seu gosto pessoal. A relação é de prestação de serviço, não de locação, o que dá menos garantias ao hóspede em estadias prolongadas.
Você não terá um endereço fixo: isso significa não contar com um endereço postal ou de referência. Talvez seja necessário providenciar uma caixa postal ou solução similar. A falta de um endereço residencial pode dificultar a abertura de contas ou comprovação de residência para serviços públicos.
Espaço é limitado: a menos que você possa pagar por uma suíte, o espaço será reduzido. Se tiver móveis ou muitos pertences, talvez precise pagar por um self storage ou outra solução de armazenamento.
Provavelmente sai mais caro: em muitos lugares, ficar em hotel é mais caro do que dividir uma casa ou alugar um apartamento, mantendo o mesmo padrão de vida. Também é preciso considerar taxas extras e cobranças por serviços que talvez você nem utilize.
Dicas para aproveitar melhor a experiência de morar em hotel
Além das vantagens e desvantagens, há algumas atitudes simples que podem tornar a vida em um hotel mais prática e confortável.
Organize e personalize: pode não ser seu espaço definitivo, mas isso não significa que você não possa deixá-lo com a sua cara. Primeira dica: tire tudo da mala. Esta não é uma estadia de duas noites, então aproveite o armário. Embora não seja possível trocar os móveis, dá para complementá-los com seus próprios itens. Mantas, plantas, fotos e objetos pessoais podem transformar um quarto de hotel em uma casa em pouco tempo.
Seja respeitoso e comunicativo: é provável que você veja os mesmos funcionários do hotel todos os dias, então vale a pena cumprimentar e puxar conversa. Criar uma boa relação com a equipe pode tornar sua estadia muito mais tranquila. Da mesma forma, seja educado com os outros hóspedes — mesmo que estejam lá só por uma noite, têm tanto direito quanto você. E claro: mantenha o volume baixo.
Aproveite as comodidades: se o hotel oferece áreas como piscina, spa ou serviços úteis como lavanderia, use-os com frequência. Afinal, você já está pagando por eles. Em apart-hotéis e residenciais a lavanderia e cozinha são vantagens reais para quem quer praticidade no dia a dia.
Cadastre-se nos programas de fidelidade: algumas redes de hotéis oferecem programas de recompensas que dão descontos, diárias grátis e outras vantagens para hóspedes frequentes.
Ganhe benefícios extras: pagar uma estadia em hotel não é o mesmo que pagar aluguel, então você provavelmente vai usar cartão de crédito ou algo semelhante. Use um cartão com programa de pontos ou milhas aéreas. Você vai se surpreender com a rapidez com que os benefícios se acumulam.
Quanto custa morar em um hotel?
Você deve estar se perguntando: afinal quanto custa morar em um hotel? Bom, isso vai depender totalmente de onde você escolher ficar. Mas, em geral, estadias longas em hotéis podem sair bem caras.
No Brasil, os valores variam bastante de acordo com a cidade, o padrão do hotel e a duração da estadia. Enquanto alugar um apartamento mobiliado em grandes capitais pode ser mais econômico, hotéis voltados para estadias longas costumam oferecer tarifas mensais reduzidas — ainda assim, o custo de morar em hotel tende a ser mais alto, especialmente se comparado ao aluguel tradicional.
Em grandes cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, é possível encontrar hotéis com diárias que variam entre R$ 470 e R$ 1.100, dependendo do padrão, localização e benefícios incluídos, como café da manhã.
Já em São Paulo, é possível encontrar diárias em apart-hotéis entre R$ 300 e R$ 660, especialmente em bairros como Bela Vista, Itaim Bibi e Moema. Já em hotéis com mais estrutura e serviços inclusos, os preços costumam ficar entre R$ 450 e R$ 1.050 por noite, dependendo da localização e categoria do hotel.
O preço do hotel não leva em conta extras, como o serviço de quarto, nem considera possíveis descontos para estadias de longa duração. Da mesma forma, também não inclui comodidades como piscinas e academias, que você teria que pagar separadamente se estivesse alugando um imóvel (a menos que elas já estivessem incluídas).
Redes de hotéis que oferecem estadias de longa duração
Durante a pandemia, várias redes de hotéis tiveram que se reinventar e começaram a atender pessoas que buscavam mais flexibilidade e conforto fora de casa por períodos prolongados. Hoje, já é possível encontrar opções para morar em hotéis para vários perfis e orçamentos.
Accor
A rede Accor oferece diversas opções para quem busca morar em hotel, com unidades adaptadas para long stay em marcas como Novotel, Mercure, ibis, ibis Styles e Adagio Aparthotel. A rede mantém um programa com tarifas especiais para estadias prolongadas, disponíveis em diversas cidades brasileiras.
Entre os destaques está o ibis Styles Rio de Janeiro Botafogo, com localização central, café da manhã e facilidades ideais para quem precisa ficar mais tempo na cidade. Já em São Paulo, o Adagio São Paulo Itaim Bibi oferece apartamentos com cozinha completa e serviços de lavanderia. Outra boa opção é o Mercure São Paulo Pamplona, que combina conforto e estrutura de hotel com a praticidade de um apart-hotel. E eu mesma tive a experiência de morar no ibis Styles Porto Alegre por três meses antes de me mudar definitivamente para a capital gaúcha.
Marriott
A Marriott oferece alternativas para quem deseja morar em hotel no Brasil, principalmente por meio das marcas Marriott Executive Apartments e Residence Inn. Em São Paulo, o Marriott Executive Apartments disponibiliza suítes de 1 a 3 quartos com cozinha completa, internet rápida, academia, piscina e café da manhã — configurado como um “home away from home” ideal para estadias prolongadas. No Rio de Janeiro, o Residence Inn Barra da Tijuca oferece estúdios e suítes com cozinha americana, internet, lavanderia e café da manhã gratuito, além de pacotes diferenciados para long stays.
Louvre Hotels Group
No Brasil, a Louvre Hotels Group opera bandeiras como Golden Tulip, Tulip Inn, Royal Tulip e Soft Inn, presentes em diversas capitais e cidades estratégicas. Algumas unidades oferecem estrutura e flexibilidade para estadias prolongadas, como o Golden Tulip Brasília Alvorada, que tem quartos amplos, áreas de lazer, restaurante, piscina e serviços que atendem bem quem busca morar em hotel por mais tempo. Dependendo da cidade e do hotel, você consegue negociar períodos estendidos com benefícios de conveniência e conforto.
Hplus
A Hplus Hotelaria, presente em Brasília, oferece opções para quem deseja morar em hotel por mais tempo. As unidades Premier Hplus, Multiparque Hplus e Life Resort Hplus, todas como apart-hotéis com estrutura completa (cozinha compacta, internet, academia, piscina, lavanderia e recepção 24h). Os pacotes mensais, já incluem serviços como limpeza semanal, utilidades pagas (água, luz, etc) e acomodação adequada para estadias superiores a 30 dias.
InterContinental Hotels Group
No Brasil, a IHG oferece opções de long stay por meio da marca Staybridge Suites. Em São Paulo, o Staybridge Suites São Paulo, no Itaim Bibi, oferece suítes espaçosas com cozinha equipada, lavanderia, área de trabalho e café da manhã incluído na diária. Com valores médios em torno de R$ 920, o hotel também conta com um minimercado na propriedade — ideal para quem busca conforto, praticidade e mais independência em estadias prolongadas.
Outras alternativas além de morar em hotel
Morar em hotel não é a única forma de estender sua estadia. Outras alternativa como apartamentos com serviços, aluguel por temporada, residenciais e espaços de co-living também podem ser uma ótima opção.
Uma alternativa cada vez mais popular no Brasil é a rede Charlie, que opera apartamentos mobiliados em prédios residenciais, com cozinha equipada, lavanderia e limpeza sob demanda, com serviços digitais e suporte remoto — ideal para quem quer morar em hotel sem, de fato, estar em um.
Em São Paulo, o Charlie Itaim é uma opção moderna para quem busca long stay em uma das regiões mais centrais da cidade. Já em Porto Alegre, o Charlie Moinhos oferece estrutura completa em uma localização privilegiada, ideal para quem busca conforto e autonomia em estadias mais longas.
Uma boa maneira de escolher a melhor opção é colocar os prós e contras em uma planilha. Assim, você consegue ver não só qual é a alternativa mais econômica, mas também qual atende melhor às suas necessidades de estilo de vida.
Vale a pena morar em hotel?
Antes de decidir se essa é uma boa opção para você, é importante entender quanto custa morar em hotel a longo prazo e se esse valor compensa pelo estilo de vida que oferece.
Como mostrei, há muitas razões positivas para viver em um hotel. A melhor delas, na minha opinião, é saber seu quarto estará arrumadinho sem que você mova uma palha. Além disso, você terá uma equipe confiável e também segurança constante. Por outro lado, hotéis raramente são a opção mais barata ou econômica para viver por um longo período. E, por mais que você tente, eles nunca vão realmente dar a sensação de um lar.
Mas se você é um viajante em tempo integral ou faz parte da geração de nômades digitais que vive na estrada, nunca houve momento melhor para viver com a mala sempre pronta e se hospedar em hotéis. Para isso, o KAYAK pode te ajudar a planejar, reservar e economizar em ótimas estadias de longo prazo, com ferramentas como alertas de preço e listas de desejos – tudo disponível no app do KAYAK.
Perguntas Frequentes sobre morar em hotel
Sim, em muitas redes voltadas para estadias prolongadas é possível pagar mensalmente. Em geral, esse tipo de pagamento vem com descontos significativos em relação às diárias comuns.
Na maioria dos casos, morar em um hotel não é a opção mais barata quando comparada ao aluguel de um apartamento mobiliado ou a uma hospedagem por temporada. Embora existam tarifas reduzidas para estadias longas, os custos com serviços, alimentação e eventuais taxas adicionais costumam tornar essa escolha mais cara do que alugar um imóvel para morar.
Sim, é legal morar em um hotel, desde que as contas estejam em dia e a estadia esteja formalizada. Para períodos superiores a 90 dias, é comum que se firme um contrato de locação, o que muda a natureza jurídica da relação entre hóspede e estabelecimento. Além disso, é necessário seguir as regras da hospedagem e manter a documentação em ordem, como em qualquer tipo de moradia.
