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Viajar é uma delícia, disso ninguém duvida. E, desde o despertar da vontade de conhecer um novo destino até chegar lá de fato para sentir os cheiros, ver monumentos de perto e conhecer novas pessoas e culturas, há um longo (e delicioso) caminho.

Planejar já é viajar. Esse período de planejamento, em que o KAYAK se faz presente ajudando futuros viajantes, é quando o destino já começa a ser parte da nossa vida e a viagem vai se tornando real. E foi em um dos meus planejamentos de viagem que me dei conta da lacuna que existia nas informações turísticas para o público LGBT.

Sentindo essa dificuldade na pele por ser gay, decidi criar o Viaja Bi! para passar ajudar outros gays, lésbicas, bis, trans, a encontrar essas informações em outro lugar que não os sites pornográficos.

Com a experiência desses três anos e meio, tanto em viagens que fiz de férias quanto outras para as quais fui convidado por destinos, além de muita pesquisa, fiz aqui um resumão do mercado do Turismo LGBT no Brasil e no mundo para vocês. Assim, você tem um ótimo ponto de partida. E aí te espero no Viaja Bi! para continuarmos nosso planejamento. 🙂

Brasil LGBT

Aqui no Brasil, as capitais são as que reúnem mais atrativos para os LGBT. Rio de Janeiro já foi considerado o principal destino para gays no mundo. Hoje não está mais na dianteira, mas ainda é destaque para as bis do planeta todo pelas praias, povo bonito e receptivo, além de natureza exuberante. Com a violência, novas políticas conservadoras e os problemas que estão vivendo, São Paulo tomou a frente. Além de ter uma das maiores Paradas LGBT do mundo, a noite paulistana é reconhecida mundialmente como uma das melhores para se jogar na pista e a cidade é cheia de opções exclusivas, ou melhor, inclusivas. Um exemplo disso é a Castro Burger, uma hamburgueria focada na diversidade que recebe a comunidade de braços mais que abertos, tendo inclusive um altarzinho de divas que incluem Elke Maravilha e Elton John, por exemplo. Maravilhoso, né?

Florianópolis (Floripa para os íntimos), nunca perdeu espaço no coração de gays e lésbicas. É uma lésbica, aliás, que promove o Gay Surf Brazil, um evento para surfistas LGBT na Praia do Rosa, um paraíso um pouco menos conhecido de Santa Catarina. Belo Horizonte tem tido um crescimento (e investimento) junto à comunidade, que se reúne no bairro da Savassi. A Bahia, que já tem histórico de diversidade, tem se preparado cada vez mais para receber os viajantes coloridos, mesmo fora de Salvador. O festival San Island Weekend terá, em 2018, sua segunda edição com Ivete Sangalo como madrinha, cantando para todo o “Vale dos Homossexuais” no Morro de São Paulo.

Destinos LGBT pelo mundo

E se aqui as coisas estão, pouco a pouco, melhorando, apesar de todos os nossos pesares, lá fora muitos destinos já tem um trabalho fortíssimo com a comunidade LGBT. Israel, por exemplo, tem em Tel Aviv uma das principais cidades gays do mundo, onde religiosos ortodoxos vão para a praia gay numa boa no dia em que a praia que frequentam é exclusiva para mulheres. E nada acontece, todos convivem pacificamente. Temos muito o que aprender, né? Na Austrália, que alguns consideram o Brasil que fala inglês, os cidadãos e turistas curtem o Mardi Gras Gay por semanas em Sydney.

O Reino Unido lançou, há alguns anos, uma campanha publicitária chamada Love is Great, estrelada por casais homossexuais e tem em Brighton, cidade no litoral sul, a principal Parada LGBT do país, superando Londres.

Ainda falando de campanhas, Las Vegas é uma referência por ter sido um dos primeiros destinos a ter anúncios direcionados aos LGBT e já teve sua Parada LGBT acontecendo à noite. A cidade de Fort Lauderdale, na Flórida, inovou: usou modelos trans não somente na campanha LGBT do destino, mas também nos anúncios mainstream. Um lacre é um lacre, né? Ali pertinho, a cidade de Key West é super conhecida do público, Orlando tem dia gay na Disney, Miami tem uma noite bem intensa de festas e Palm Beaches e Paradise Coast têm investido no segmento.

Ainda nos Estados Unidos, São Francisco e Nova York são berços dos direitos LGBT e da liberdade. Em São Francisco, lembrada também pelo ativista e político Harvey Milk, tem uma feira fetichista no meio da rua e permite que as pessoas andem nuas pelas ruas, caso queiram, sem ser presas. Já Nova York receberá, em 2019, a World Pride (Parada LGBT mundial) para celebrar os 50 anos de Stonewall, uma rebelião popular que LGBTs fizeram depois de policiais terem invadido o bar Stonewall Inn, onde a comunidade se reunia. Essas manifestações foram o estopim para o surgimento das primeiras Paradas do Orgulho LGBT. E foi aí que a comunidade LGBT começou a se unir e sair do armário aos poucos.

Voltando para a Europa, os destinos são muitos. A Espanha tem alguns dos principais destinos LGBT do mundo. Barcelona e Ibiza têm a fama das festas e festivais, Madri é bastante aberta e tem o centro político e de lutas por direitos e a região da Andaluzia lançou no ano passado seu primeiro evento focado em Turismo LGBT em Torremolinos, perto de Málaga. A pequena cidade praiana, aliás, lançou também um hotel gay bafônico com rooftop onde roupa é opcional. Eu fui conhecer esse hotel e o babado é forte!

Amsterdã tem a Parada LGBT mais diferentona do mundo: a Canal Parade acontece nos canais da cidade, em barcos. Paris esse ano receberá a décima edição do Gay Games, as Olimpíadas LGBT. A Alemanha tem em Munique uma comunidade de bichas finérrimas e luxuosas, Berlim conta uma cena underground de dar inveja e Colônia é, para mim, a cidade com mais gente bonita por metro quadrado! Affff…

A Grécia também não fica de fora da lista e Mykonos, a cidade grega mais buscada por gays e lésbicas tem hotel gay e praia nudista, além de paisagens impossíveis de não serem registradas no Instagram e na memória. Há muitos outros países que (ainda bem) já entenderam que sexualidade não deve interferir no atendimento a um turista, como a África do Sul, o México (principalmente Puerto Vallarta) e a Tailândia, por exemplo.

Outros países surpreendem por ter nos documentos oficiais a opção de um terceiro gênero. Além do masculino e do feminino, os interssexuais podem marcar o gênero neutro. Que isso seja reconhecido na Alemanha, na Austrália e na Nova Zelândia você até espera.

Mas você podia saber que esse reconhecimento também acontece no Nepal e na Índia? A decisão foi anunciada em 2014 depois de o ativista eunuco (homem que por alguma razão teve seus testículos e/ou pênis removidos) Laxmi Narayan Tripathi apresentou um recurso à Suprema Corte, dois anos antes, exigindo direitos igualitários a pessoas trans que, na Índia, são mais aceitas que os gays e lésbicas, que podem ser presos por 10 anos.

Eu espero que a lista de países amigos da diversidade cresça cada dia mais. Hoje ainda são muitos os destinos onde é crime ser LGBT, alguns passíveis de pena de morte, ou que o preconceito ainda seja muito forte. O caminho é longo, mas é sem volta! 😉

E, para planejar sua viagem para qualquer um desses destinos mencionados, não esqueça de usar o KAYAK e o Viaja Bi!, te espero lá! 😉

Rafael Leick é idealizador do Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa e foi Diretor de Turismo da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, blogueiro e palestrante internacional, já morou em Londres e conheceu 23 países.

Sobre o autor

KAYAK O KAYAK vem revolucionando a indústria de viagens desde 2004. Metabusca de viagem? Ninguém fazia – até a gente começar. Hoje processamos bilhões de buscas de viagem por ano em nossas plataformas, ajudando milhões de viajantes pelo mundo a encontrarem as melhores opções. A cada busca, o KAYAK pesquisa centenas de sites de viagem para mostrar tudo que os viajantes precisam para encontrar as passagens aéreas, hotéis, carros de aluguel e pacotes de viagem ideais.

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