O casal vende tudo, transforma um ônibus em uma casa e sai pelo mundão. Na estrada, só tem a companhia da felicidade e de seu cão fofo. Certo? Nada disso.
Todos os viajantes deveriam ver esse documentário. O ônibus-casa dá um monte de problema, que casas dão, o visto emperra e atrasa tudo, o que acontece, e o cãozinho passa um baita sufoco.
Assisti a Expedition Happiness, relato de viagem de uma dupla de alemães pelas Américas com Ruby, o dog aventureiro das montanhas.
Eles passam por provações. E Ruby, a maior fofura de quatro patas que você pode imaginar, fica à beira da morte. Afinal, um cão das montanhas não está adaptado para o calor do deserto.
Todos vamos ter desafios na estrada. Já perdi passaporte, cartão de crédito e dinheiro. Já me perdi e me achei. Perdi voo e dormi em aeroporto.
Uma vez, deixei o celular no trem antes de chegar ao hotel. Foram 10 dias na Europa sem o aparelho. Deu vontade de sumir? Sem dúvida. Em vez disso, me adaptei.
Neste 2018, completo 20 anos de viagens, duas décadas de adaptações. Na primeira vez, embarquei sozinha ao exterior, sem internet e celular. Era tudo na unha, com guia na mão. Nada de apps milagrosos.
Depois de inúmeras situações, aprendi o melhor mantra diante de imprevistos: “Você chegou, não jogue seu tempo fora”. De todos os problemas, só os de saúde são realmente sérios. Os outros têm remendo.
Claro, fiquei mais cuidadosa. Levo uma pasta com tudo impresso, coloco dinheiro e cartão separados, faço mala enxuta e viajo com calma. Nada de sair esbaforida do trem.
Espero que você não tenha se esfolado como eu. Mas, se é viajante, infelizmente, duvido muito. Quando acontecer, lembre-se do mantra e de algo mais importante: resolver ou adaptar-se.
A única coisa que você não recupera é o tempo que investiu para conhecer aquele lugar. Seu tempo é o que conta, no final das contas. Boas adaptações!
Por Andrea Miramontes, jornalista e editora dos blogs Lado B Viagem e Patas ao Alto