preloadA curly-haired brown-fur dog sits on a blue chair near the bed.

Todos nós donos de cães de serviço já sentimos um pouco de ansiedade quando viajamos para um lugar desconhecido. E isso pode ser ainda mais estressante se você está indo para um país que não fala sua língua e que tem diferentes regras para esses animais.

Eu já fiz mais de 14 viagens com minha amiga de quatro patas, e neste artigo quero compartilhar com você minhas dicas mais importantes para evitar a frustração e o estresse que já senti reservando nossa hospedagem. Vamos encontrar os melhores hotéis que atendam às suas necessidades para que se sinta à vontade com sua deficiência onde quer que vá.

A black dog sleeps on a comfortable bed.

O que você precisa saber antes de uma viagem internacional com seu cão-guia?

No Brasil, a emissão do Certificado Veterinário Internacional (CVI) é obrigatória, entre outros documentos. Você pode encontrar exatamente o que precisa na página da ANAC sobre Transporte de Animais.

No meu caso, mais especificamente no Reino Unido, eu precisei de um atestado de saúde do animal com cinco dias de antecedência à viagem.

Quando viajei para a Espanha pelo YouTube, fiquei por lá por mais de cinco dias e precisei renovar meu atestado com um veterinário – mas não sem uma certa dificuldade na comunicação por conta da barreira linguística. Prepare-se para eventualidades e ande sempre com o contato e endereço de veterinários próximos de você no exterior: se eu sei com antecedência que precisarei de um, peço ajuda ao concierge do hotel logo no meu primeiro dia para contatá-lo.

Ração

Lembre-se de que você não pode trazer a maioria das rações caninas na cabine. Considere o peso da ração antes da viagem para evitar pagar pelo excedente da franquia de bagagem ou, caso não seja permitida sua entrada no país que está visitando, certifique-se de poder comprá-la lá fora.

Nós tivemos um pouquinho de dificuldade com a tradução quando tentamos pedir comida para a Molly na versão sueca do site da Royal Canin, mas eles acabaram entregando direitinho no hotel, então acho que fizemos tudo certo!

Minha dica para se informar melhor antes da viagem

Young smiling businesswoman cuddling her dog pet at her office.

No meu caso, tenho uma cão-guia que é registrada na Federação Internacional de Cães-Guia (IGDF, da sigla em inglês), mas você pode pesquisar outras agências internacionais de credenciamentos de cães de serviço. Se o seu cachorro puder se credenciar em alguma delas, eles explicarão quais países você pode visitar com eles e qual documentação é necessária.

Lembre-se de que seu cão deve estar sempre na coleira e ter a papelada em dia o acompanhando o tempo todo, seja de um centro de treinamento ou de uma organização credenciada.

As leis mudam de país para país

O que eu posso dizer é que quando você está na Europa, um monte destas regras e regulamentações não se aplicam a animais de apoio emocional, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Portanto, esteja ciente de que o credenciamento é necessário. O Reino Unido e a Europa têm regras mais rigorosas para animais de serviço do que os EUA.

Além disso, pesquise as leis específicas do seu país de destino. Uma vez eu tentei pegar um táxi com minha cão-guia na Suécia e não consegui, mas depois de uma rápida busca no Google, entendi que não tinha os mesmos direitos que tenho no Reino Unido de andar de táxis com a Molly. Isso pode ser bem chato e irritante se você não se informou com antecedência, como no meu caso.

Informe-se também sobre cães-guia em restaurantes, pois alguns países têm regras restritas para animais em ambientes de alimentação. Por exemplo, algumas pessoas me contaram durante minha viagem à Dinamarca que a Molly não poderia entrar em nenhum restaurante, café e afins, sendo que no Reino Unido ela pode me acompanhar nestes lugares.

Os hotéis aceitam cães de serviço?

A small dog on the bed looks at the camera suspiciously.

No meu país, sem dúvida, mas a resposta é um pouquinho mais complicada se você viaja para fora, então vamos falar sobre isso. Eu já tive muitos problemas com hotéis, tanto no Reino Unido como no mundo afora, com funcionários mal-informados sobre os direitos da minha cão-guia. Por outro lado, pessoalmente acho que as coisas estão melhorando e que nos últimos anos eles andam mais atualizados.

Minha principal observação é que na maioria dos países, se as leis permitem que seu cão de serviço acompanhe você em lugares não relacionados a comida ou hospitais, então é provável que tudo ocorra bem.

Outro ponto importante é que se algum funcionário não souber sobre os direitos do seu animal, certifique-se de que você saiba. Eu inclusive recomendo imprimir uma cópia da legislação em questão no idioma local.

Sempre é uma boa ideia contatar a embaixada ou o consulado do país para onde você vai viajar para obter mais informações sobre as políticas e exigências locais.

O hotel pode cobrar uma taxa pelo cão de serviço?

Apesar de as leis brasileiras garantirem o acesso de cães-guia em hotéis, é recomendável contatar a propriedade para mais informações. Nos EUA, por exemplo, a Lei dos Americanos com Deficiências (ADA) impede a prática. Já aconteceu comigo de me cobrarem uma taxa, mas sempre consegui contornar a situação.

No exterior, isso realmente vai depender das leis locais. Eu nunca tive nenhum problema viajando com minha cão-guia, a Molly, pela Europa. Algumas vezes, o hotel chegou a me pedir para assinar um termo de responsabilidade sobre quaisquer danos causados por ela, mas nunca me cobraram nenhum valor de antemão.

Quais documentos preciso para me hospedar com meu cão de serviço?

Você não precisa apresentar nada nos EUA nem no Reino Unido. Por via das dúvidas, eu sempre levo a caderneta da Federação Internacional de Cães-Guia (IGDF) da Molly comigo.

No Brasil, além de comprovantes de vacina, os hotéis podem pedir o certificado de que seu cachorro é um animal de serviço registrado, como também é o caso da França. A Federação Francesa pode até mesmo providenciar uma caderneta da IGDF em francês se você contatá-los antes da sua chegada ao país. Porém, de acordo com a Lei dos Americanos com Deficiência (ADA), é ilegal pedir por provas.

Como encontrar os melhores hotéis para você e seu cão de serviço

A dog munching on a treat in a hotel room.

Meu principal conselho é ficar em redes hoteleiras que você conhece e nas quais já se hospedou. O Marriott tem até mesmo uma política própria para cães de serviço. Afinal, eu prefiro gastar meu dinheiro onde minha comunidade é realmente bem atendida. Isso nem sempre significa que o seu check-in será um mar de rosas, mas além do seu conhecimento sobre as leis locais, você também poderá contar com a política do hotel caso os funcionários estejam mal-informados, o que me deixa bem confiante

Eu também já tive experiências positivas nos hotéis Hilton e Premier Inns do Reino Unido, mas ressalto que isso e subjetivo, e que sou apenas uma pessoa cega com um cão-guia. Fóruns de pessoas com deficiência, propaganda boca a boca e avaliações do TripAdvisor, que eu posso facilmente acessar com meu leitor de tela, também são boas maneiras de conseguir recomendações. Você pode ainda ligar para os hotéis antes de fazer sua reserva.

E quanto a alugar quartos, apartamentos e casas de temporada?

Minha recomendação é optar por uma rede com uma ótima política para usuários, como é o caso do Airbnb.

Um problema que tive no passado com hospedagens privadas individuais é que elas podem ser um grande ponto de interrogação. Eu já passei por situações frustrantes algumas vezes, tentando conversar com o dono de uma casa de temporada que simplesmente não queria aceitar cachorros, sem nenhuma exceção.

Em resumo: não quero que eu e minha família passemos por uma situação dessas novamente, então prefiro ficar com a segurança de uma rede hoteleira. Volto a dizer que isso não significa que você não terá nenhum problema, mas aqui eu me sinto mais segura e confortável sendo eu mesma e advogando pela minha deficiência.

Existem leis específicas por país?

A man in an animal print jacket and yellow beret smiles as he hugs a brown dog with a black scarf.

Nem todos os países têm legislação específica para pessoas com deficiência viajando com animais de serviço.

Uma boa fonte de informações é verificar se o seu destino tem uma escola da IGDF ou ADI credenciada – pessoalmente, eu não levaria a Srta. Cão-Guia Molly para nenhum país sem tais escolas. Por exemplo, muitos países do Oriente Médio sequer têm programas de treinamento para cães de serviço, e em algumas companhias aéreas sauditas como a Saudia, eles podem ser até mesmo embarcados no porão, algo impensável no Reino Unido.

A política da Saudia Airline especifica que o país “permite a entrada de cães de caça, guarda e guia somente para passageiros cegos e surdos”, então tenha isto em mente se você tem outras deficiências. Conclusão: faça sua pesquisa para que possa se sentir mais confortável antes de colocar o pé na estrada – este é um aspecto muito importante do planejamento da sua viagem internacional.

O que mais eu preciso saber?

Certifique-se de que seu cão de serviço possa ir ao banheiro em todos os tipos de terreno, pois pode não haver uma área pet-friendly próxima de onde vocês estão se hospedando lá fora.

Sobre o autor

Lucy EdwardsDuas vezes vencedora do prêmio RTS, Lucy é apresentadora de documentários da BBC, criadora de conteúdo e autora, sendo também cega. Na maior parte do tempo, ela vive com sua mala acessível, gravando conteúdo de viagens e maquiagem para sua própria marca pessoal, bem como para o BBC Travel Show, documentando a experiência de viajar com limitações.

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